1 de março de 2012

Grazielly




                                                          GRAZIELLY
       Hoje gostaria de falar de uma menina LINDA, linda mesmo!
      Me caiu os butiás do bolso quando soube que era a primeira vez que Grazielly, com três aninhos, estava indo a à praia.
       Quem é mãe deve saber o festerê que é nesse dia.
       Crianças brincam com areia, baldinho e água de um jeito maravilhado, que se perde com o avançar dos anos...
      O primeiro banho de mar de Grazielly também foi o último. Um jet ski desgovernado e em alta velocidade, ligado por um adolescente de 13 anos que caiu ao tentar pilotar a máquina, atingiu a cabecinha de Grazielly. Deitada de bruços, ela se preparava para fazer um castelinho de areia. E morreu.
      “Só vi aquele vulto vindo atrás de mim, batendo na cabeça da menina”, disse a mãe, Cirleide, de 24 anos. “Ela estava tão feliz.”
      A família é lá interior de São Paulo. Mãe e filha tinham viajado para passar o Carnaval na praia de Guaratuba, em Bertioga, num condomínio.
      O pai, o motorista Gilson, de 33 anos, não estava no momento da tragédia. Ficou transtornado quando soube pelo cunhado.
      “Um jet ski é um brinquedo assassino” na mão de adolescentes, disse Gilson. “É a mesma coisa que deixar uma arma na mão de uma criança.
      Todos os possíveis culpados fugiram rapidamente sem prestar socorro.
      O adolescente, o pai, Marciano Assis Cabral, que tem posto de combustível em Mogi das Cruzes. E o dono do jet ski, filho e sócio do empresário José Augusto Cardoso, que hospedava o menino e sua família num condomínio.
      O depoimento do garoto, previsto para quinta-feira em Bertioga, não aconteceu por “medo do assédio da população e da imprensa”. Não sei dizer até hoje se o adolescente de 13 anos chegou a pilotar o jet ski ou apenas deu a partida no motor.
       No fim ninguém ficará preso pela morte da menina. Nem os maiores responsáveis, os adultos que permitiram que um menino brincasse com o jet ski como quem brinca de bola na praia.


      O vídeo familiar mostra a menininha, que poderia ser filha, neta ou irmã de qualquer bagual como nós, encantada com o mar. Minutinhos depois, sua vida e a de seus pais tinha acabado. 
      Lars Grael, o velejador e atleta olímpico que amputou a perna num desastre no mar em 1998. “A impunidade no Brasil favorece a negligência criminosa. Pessoas continuam conduzindo embarcações a motor no meio de banhistas, surfistas e remadores porque sabem que nada vai acontecer com elas”, diz Grael.
      “Se um pirralho pilota uma moto onde há pedestres, a chance é TREMENDA de atropelar e matar alguém. Por que há mais conscientização no asfalto que na água?” Um jet ski sofisticado alcança até 100 quilômetros por hora. As regras para seu uso existem, mas a fiscalização é uma baita palhaçada.
      O piloto de jet ski precisa ser maior de idade e ter habilitação da Capitania dos Portos.


      Respeitar as regras do tráfego marítimo e entre elas, a distância mínima de 200 metros para a arrebentação e os banhistas. Usar colete salva-vidas. E conectar a chave de segurança, com uma cordinha presa ao pulso. Se o piloto cai na água, a chavinha se solta automaticamente do jet ski e ele é desativado. “Muita gente conecta a chave, mas não a coloca no pulso”. “É um absurdo. Nesse momento, o piloto assume que está gerando um risco para os outros.”
      No caso de Bertioga pode existir o crime de responsabilidade passiva. Quem aluga ou empresta jet skis para alguém sem os requisitos legais deveria ser condenado por assumir conscientemente um risco.
      Na verdade mesmo a bagunça é generalizada. Nas praias lotadas no verão, há máquinas em mau estado de conservação. O mais comum é CONFIAR na palavra de quem quer alugar o jet ski.
      “Todo país desenvolvido com cultura náutica tem uma Guarda Costeira, com poder de policiar, abordar e prevenir”. "Esse debate deveria estar no Congresso". É uma omissão nossa, constitucional. A Marinha exerce voluntariamente esse papel, mas sua função é outra, de proteger a soberania nacional.
      ”Não são colocadas as boias de delimitação para o jet ski sair da areia e voltar". A coisa está ficando num nível tal que a Marinha passou a dotar algumas Capitanias de bafômetro, para evitar bebuns na direção dessas motos aquáticas.
Para patrulhar com eficiência mais de 8.000 quilômetros de costa atlântica e mais de 40.000 quilômetros de rios, lagos e represas, o Brasil precisaria, segundo estimativas, de 3 mil embarcações e 100 mil profissionais. Estamos tão atrasados que, para pilotar uma lancha no Brasil, basta acertar metade das perguntas de um exame teórico. Não se tem prova prática.

Se nada for feito, continuaremos matando criancinhas. Ou chorando por elas. Que Deus conforte o coração desta e de outras famílias que já viveram momentos como estes. Que Deus venha nos guardar TODOS os dias. Tanto no mar, quanto em terra firme. 

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