7 de fevereiro de 2012

CUIDADO OLHINHO


      


                CUIDADO OLHINHO O QUE VÊ


      Eu ouvi dizer uma vez que uma música para ser POP precisa ter um coro que fique na cabeça.

      Concordo com essa ideia principalmente porque esta semana, cantei com minha esposa uma música da minha infância, que ficou martelando direto na minha cabeça. A música dizia: “Cuidado olhinho o que vê. Cuidado olhinho o que vê. O salvador do céu está olhando pra você. Cuidado olhinho o que vê”.

      Por um momento, tratei de fazer um check-up na minha vida. Será que cometi um pecado daqueles grandes e minha consciência está me acusando?

      Passando este momento religioso, comecei a me lembrar de como essa música chegava a mim quando eu era piá.

      Toda vez que eu a cantava esta música um sentimento de pavor tomava conta de mim. Era como se Deus estivesse escondido atrás de cada porta, de cada cantinho, me vigiando para ver se eu cairia em alguma falha e, então, me castigar.

      Quando me "pregavam" o evangelho, me falavam tanto de um Deus sedento por justiça que, num primeiro momento, cheguei perto de Deus mais por medo do Diabo (ou medo do próprio Deus) do que por amor a Deus.

      Quando me falavam de Jesus, sempre tinha aquele tom de ameaça: “Aceite Jesus porque senão você irá pro inferno. Você quer passar a eternidade toda no inferno?”.

      Eu, uma criança, com medo e todo... hehehe, imaginando um capeta estilo medieval, aceitei na hora o convite persuasivo da religião; mas, por bastante tempo, Deus era para mim o cara que estava sempre de tocaia, esperando um vacilo meu, para só então me castigar.

      A coisa piorou quando eu fui batizado.

      Minha família, se aproveitando do ritual de passagem e da mística que isso envolvia no imaginário coletivo e religioso da igreja onde frequentávamos, começou a dizer: “Agora você é um menino "crente" batizado, precisa obedecer aos seus pais e aos seus professores, porque você fez um compromisso com Deus”.

      Eu recebia essas palavras com profundo PAVOR, como se agora qualquer vacilo meu fosse passível de ser punido com um castigo dobrado.

      Eu continuava minha aproximação de Deus mais por medo do que por, digamos, amor.

      Nunca entendi como um Deus que manda matar criancinhas e mulheres indefesas no velho testamento poderia ser o mesmo que se revelava no Cristo.

      Foram necessários ANOS até que eu me livrasse do medo de Deus e pudesse me aproximar dEle por amor e não por medo do inferno ou de algum castigo. Esse medo, gerava em mim uma culpa sempre crescente.

      Eu sempre associava as derrotas da minha vida com algum castigo divino. Era como se a cada erro meu Deus viesse fazer justiça, acertando as contas comigo. Uma prova que eu não passasse, uma decepção amorosa, um problema em uma amizade, um planejamento que deu errado, enfim, qualquer coisa que desse errado eu via como se fosse a mão de Deus pesando sobre minha cabeça.

      Sempre tinha algum abençoado, não sei de onde para dizer: “Deus é amor, mas também é justiça. CUIDADO!”. Báh! A culpa só crescia.

      Depois de um tempo, percebi que se Deus fosse punir cada erro meu eu já estaria (não tenho duvida disso) morto.

      Eu percebi que Deus não estava me caçando para me punir, mas estava me perseguindo com todo amor.

      Descobri que Deus de fato é justiça, mas não um justiceiro que transformou o mundo em um “Big Brother” gigante para me vigiar e me punir.

      O Deus em quem eu acredito fez justiça na cruz, em Cristo. 

     Porque na cruz foi Deus matando o próprio Deus para não ter que me matar. É por isso que vou a Cristo hoje. João traduziu bem a ideia quando disse: “nós o amamos porque ele nos amou primeiro”.

      Vou te falar uma coisa: é pelo amor e graça e não pela força ou medo. Jesus me mostrou que Deus não mata criançinhas nem mulheres indefesas, porque Deus prefere matar a si mesmo a matar um dos que criou.

     Sinto Deus só de butuca (vigiando) em mim, mas não para invadir minha privacidade ou me punir, mas para cuidar de mim e estender a mão quando eu cair.

      Talvez alguém diga que esse tipo de discurso leve pessoas a viverem de qualquer jeito, mas eu digo que quanto mais nos sentimos tocados pelo amor de Deus e nos jogamos nEle, mais perto de Cristo chegamos. E se mais perto de Deus vivemos, mais distantes do mal ficamos.

      O segredo não é viver a vida toda com medo de Deus ou do Diabo, mas simplesmente se aproximar de Deus, porque Ele é amor e já satisfez sua justiça na cruz.

      Pode jogar-se índio véio, sem medo nenhum, do jeito que você é, com todas as suas imperfeições, NOS BRAÇOS DO PAI.

      Ele aceita com amor e satisfação a todos que clamam:
                   “DEUS! Tem misericórdia de mim!”

Um comentário:

  1. Isso aí!!! O Senhor disciplina aqueles que ama. Os problemas pelos quais passamos não são castigos, e sim aperfeiçoamento. A voz do Diabo acusa. A voz de Deus nos mostra o erro e nos banha com sua graça e alegria. A justiça de Deus está em Cristo - o castigo que nos TRAZ A PAZ estava sobre Ele. Grande abraço, índio véio!!!

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