3 de janeiro de 2012

Fale (bastante) com Deus em 2012



                                       FALE (BASTANTE) COM DEUS EM 2012



Se você meu amigo frequenta a igreja, já deve ter ouvido sermões sobre “A oração que move o coração de Deus”, “A oração poderosa”, “A oração que Deus ouve” e infinitos outros sermões ensinando a orar de modo que Deus atenda.  Uma vez eu vi um pastor ensinar que a oração deveria seguir alguns passos: adoração, confissão e pedido. Ele só enfeitou a oração com técnicas de convencimento, sugeridas em livros de neurolinguística. Vou explicar melhor. A maioria dos livros sobre oração, bem como os sermões sobre oração pregados nas igrejas, nos ensina a orar religiosamente ao invés de nos dizer: simplesmente converse com o Pai.
A adoração seria a bajulação. É quando você chega para Deus e o elogia de todas as formas, chamando-o de poderoso, eterno, perfeito, criador, rei, soberano etc.  Acho engraçado porque às vezes vejo pessoas com poses consagradas orando e sempre começam assim: “Amantíssimo, eterno e majestoso, Deus poderoso”. Isso é para amaciar o coração de Deus. O segundo passo é se reconhecer pequeno, confessando os pecados, assim você ganha pontos positivos bajulando – desculpe – “adorando” e ainda tem seus pontos negativos anulados, terminando com um saldo positivo para, então, fazer o pedido. Com essa técnica não tem erro, pois é a mesma que as pessoas usam umas com as outras, para se conseguir o que querem.Por exemplo, fui vendedor e praticamente era treinado para “bajular” meus clientes especiais para fazê-los comprar o que não queriam comprar. Por que daria errado com Deus?
Acho que entendemos melhor quando fixamos nossos olhos no que deveria ser e não no que hoje é. Os relatos da criação, presentes em Gênesis, podem ser lidos como uma metáfora do que deveria ser o relacionamento entre Deus e o homem. O texto diz que Deus passeava pelo Jardim e conversava com o homem normalmente, assim como conversamos com um grande amigo, em quem confiamos e não precisamos de cerimônias e rituais para nos aproximar. Jesus Cristo, que é quem nos convoca novamente a ser o que deveríamos sempre ter sido, nos convida a falar com Deus como quem fala com um pai, usando um termo carregado de carinho – Abba, que significa paizinho. Por que hoje para orar nos preocupamos em posição correta, lugar correto, forma correta, palavras corretas?Depois de muito tempo, percebi que tratamos Deus da mesma maneira que qualquer religião trata a sua divindade – na base de troca. A pessoa que coloca um despacho na esquina, o faz para conseguir o favor da sua divindade. O islâmico que faz suas orações nas horas determinadas ( tenho uma amiga assim ), virado para Meca, o faz para conseguir o favor da sua divindade. Da mesma sorte, o devoto que caminha quilômetros por um determinado santo, o faz para conseguir um favor da sua divindade. Sem querer, usamos os elementos “espirituais”, como adoração, oração, leitura da palavra etc., para conseguir favores da nossa divindade. Quando assim fazemos, nossa vida com Deus e um despacho na esquina se tornam exatamente a mesma coisa – uma moeda de troca. Um meio para se alcançar o favor de Deus.
Exatamente por isso, a oração é ensinada toda ritualizada nas igrejas. Se você observar com calma as orações públicas da sua igreja, perceberá que elas obedecem a um padrão tão definido que mais se parecem com uma reza decorada, trocando apenas pequenos elementos. É por isso que quando a igreja quer algo de Deus, ela marca uma vigília ( talvez ela pense que Deus está menos ocupado de madrugada ). É por isso que quando alguém quer mostrar uma aparência de contrição, para convencer a divindade de que se está arrependido, se coloca de joelhos. Por causa dessas e de muitas outras razões, a oração é ritualizada, toda desenhada, cheia de regras, porque ela é usada não para se conversar simplesmente com Deus, mas como um meio de se alcançar o favor de Deus.
Deus é nosso Pai e podemos e devemos pedir coisas a Ele. Jesus diz que “Deus dá coisas boas aos seus filhos”. No entanto, não é porque você está de joelhos ou em pé, não é porque você orou de madrugada ou de tarde, não é porque você orou de um modo ou de outro, não é porque você participou de vigílias de oração, não é porque um irmão mais poderoso orou por você ou mesmo um pastor, não é porque você fechou ou abriu os olhos, não é porque você deu o dízimo, não é porque você seguiu um manual de oração, não é porque você foi a todos os cultos, não é porque você trabalha na igreja, não é porque você pecou menos ou mais, não é por razão nenhuma vinda de você que Deus vai atender ou deixar de atender uma oração.
Por isso, experimente neste ano de 2012 esquecer as regras que lhe foram ensinadas e passe a conversar com Deus como quem conversa com um melhor amigo, sabendo que Ele é mais do que isso – é o Paizinho de amor. Experimente falar com Ele sem formalidades, porque o caminho para Ele já está aberto pela cruz. Experimente andar com Ele, falando com Ele em suas atividades normais. Experimente contar suas frustrações, suas dores, suas alegrias, suas derrotas e conquistas, tal qual você conta ao seu melhor amigo. Experimente não ter medo de Deus, medo de estar cometendo algum erro enquanto ora, como se você não soubesse o jeito certo de orar. Esqueça todos os significados que a palavra oração possa ter para você e passe a falar com Deus como você naturalmente fala.
Durma falando com Deus e não se preocupe se você está com sono e não vai terminar a oração. Não é porque você dormiu antes de falar “em nome de Jesus” que Deus vai deixar de ouvir. Na verdade, penso nisso com uma das mais lindas figuras – a figura de quem DORME CONVERSANDO COM O PAI, sentindo-se acolhido e protegido, e não percebe o sono chegar, vindo a dormir no colo do Pai.  Enfim, simplesmente esteja com Deus, se relacione com Ele e viva com Ele. O resto é por conta DELE.  

FELIZ ANO NOVO!!!

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